sexta-feira, 20 de março de 2009

V

Não tenho amigos, não tenho dinheiro,
Eu sou um pária, um ninguém, um bufão.
Tudo o que tenho está neste banheiro
Com azulejos de cor de salmão.

Cá passo dezesseis horas por dia
- É minha Arcádia dois-metros-por-três -
A compor odes, hinos, elegias,
E esses sonetos que ora, leitor, lês.

Lá minha vida já não tem sentido:
Sem excremento, o prazer não existe
- É tudo caos, tudo frio, tudo triste.

Cá, no banheiro, me sinto acolhido.
Viva a privada, melhor que qualquer
Homem, cachorro, boneca ou mulher.

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