quarta-feira, 14 de novembro de 2012

XXXI - Heautontimoroumenos 2.0

Se eu gosto de estragar-me todo dia,
Perdão, Deus; me fizestes Vós assim.
Do fumo eu gosto, de álcool, de anarquia,
Mas tempo há que não gosto mais de mim.

 Eu sou ferida e faca, roda e membro.
A mim mesmo flagelo e firo e fodo.
Me pus eu desde quando já não lembro
A destruir-me aos poucos com denodo.

E tal qual Vós do barro me formastes,
O maior e mais pútrido dos trastes,
Também fiz-me uma cópia deformada;

No imo a engendrei, depois caguei-a,
Essa versão mais fétida e mais feia
De mim, o demiurgo da privada.

domingo, 28 de outubro de 2012

XXX


Se o homem foi com barro concebido
Tal qual no-lo relatam as 'scrituras
Estou bastantemente convencido
Que o barro findará nossas agruras

Terrenas. Pois não muito há de durar
O saco do Grão-Ser onipotente
co' bando de zé-bosta aborrecente
Que a raça humana vemos se tornar.

E eis que dará aval ao Cramunhão
Pra que esta merda toda então inunde,
Cagando sobre toda a Criação.

Submerso no cocô de Satanás:
Assim termina o homem, cancer mundi.
"Do barro vieste, ao barro voltarás."

quarta-feira, 30 de maio de 2012

XXIX

molestam-me miríades marmóreas
(mamúteas moscas) monges mamelucos
- malévolos - mastigam m'ia memória
me melam merda - mosto - mijo - muco.

morféticos mastins mordem meu mastro
mortal martírio - místico monturo
marrom. Mercúrio-musa-mnemolastro
meleca mickeymáusica misturo.

mas, muitissimamente mallarmaico,
meu mundo, monastério-moscatel,
me mostra maculado meu mosaico.

Merencório macário. Morno mel
Masquei. Matei meu mim, morri mendaz.
Mil metros meço. Minto muito mais.


sábado, 28 de abril de 2012

XXVIII

Piranha, vagabunda e ordinária!
Não vales o que cagas, ó rameira!
Espero que tu morras de malária,
Lepra-aids, diarreia ou de frieira!

Não negas a xereca nem a um bode
E a satanás os bagos tu afagas.
És lixo que qualquer mendigo fode!
Terás ebola, artrite e mal-de-chagas!

E quando tua carcaça podre e fria
- Qual já tua alma é - jazer na campa,
Irei ali cagar com muito gosto.

E tendo, então, cagado a pedraria
Do teu sepulcro eu hei de abrir a tampa
E te esporrar, mijar, cuspir o rosto.




terça-feira, 3 de janeiro de 2012

XXVII

Estou com hemorroida, ai!, que horroroso
Do maior bem da terra ser privado!
Pois não há no cagar mais nenhum gozo
Se se sangra no cu quando sentado!

Tentei de tudo! Um médico, um guru,
Um mago, um curandeiro, até um pajé.
Se cago dói! (ai!) como dói meu cu!
Ardido mais do que um acarajé.

(ai!) Como hei-de enfrentar meu existir
Se do conforto etéreo da cagada
Privado estou quem sabe até que dia!

(ui!) Antes perecer! Mourir! Mourir!
(ai!) Rasgue-se-me o ventre na facada!
Me enfiem uma espada na bacia!
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