quarta-feira, 4 de novembro de 2015

XXXV

O tempo está parado. Tem dois dias
Que são três horas. Só existe o tédio.
Um fosso de opressão e mais-valia:
Trabalho, este cancro sem remédio.
Exânime e exangue, como um verme,
Arrasto-me a espaços pro banheiro
(Refúgio do operariado inerme
Que sofre no seu trampo o dia inteiro).
Cagar no expediente: redenção
Das horas que nos rouba o vil patrão,
Da vida alienada ao Capital.
Demoro-me; o suor me cobre a tez.
Co' esfín(c)ter eu me vingo do burguês
Na longa cagalhança vesperal.
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